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Troca de bebês, ou melhor, de
POTROS

Artigo publicado no Nº 9 (Ano II) Nov/Dez 1998 da Revista Saúde Eqüina

Eduardo Garcia

Na calada da noite, a seqüestradora fez a troca dos potrinhos.
Só o computador percebeu


Legendas das figuras:
Foto 1. Rambo Boy HDN o bonito alazão, reprodutor do Haras FR
Foto 2. Lady Doc Rambo FR, a potranca cuja pelagem não foi aprovada pelo computador da ABQM
Foto 3. Smart Rambo FR foi tirado da mãe minutos após o parto
Foto 4. Little Flyer PH rejeitou a filha e "adotou" Smart Rambo FR
Foto 5. Janas Lady HC perdeu o filho e ganhou uma filha

Em 10 de outubro de 1997, numa noite fria no município de Bauru, São Paulo, a quietude do Haras FR só foi quebrada pelo nascimento de dois potros, filhos do mesmo garanhão. Rambo Boy HDN, um bonito alazão quarto-de-milha, acabava de ganhar mais dois descendentes para seu plantel. Janas Lady HC, alazã, deu à luz Smart Rambo FR, masculino, alazão; e a égua Little Flyer PH, castanha, deu à luz Lady Doc Rambo FR, feminina, castanha. Quando o dia amanheceu, as duas reprodutoras amamentavam os recém-nascidos normalmente, sob as vistas dos funcionários da fazenda. Até aqui, nada de extraordinário, porque essa cena repete-se diuturnamente nos centros de criação do mundo inteiro com pequenas variações. Ninguém prestou atenção ao fato de que a égua castanha amamentava um potro alazão e a égua alazã dedicava atenções maternais a uma potranca castanha.
Em dezembro desse mesmo ano, Francisco Ramos, titular do Haras FR, enviou a documentação para o Stud Book da ABQM e ficou surpreso quando o computador rejeitou o pedido de registro da potranca Lady Doc Rambo FR, de pelagem castanha e filha de pais alazães. Pelas leis da genética, é impossível alazão com alazão resultar em castanho. Esse cruzamento só pode dar alazão. Ao passo que alazão com castanho, como é o caso da outra matriz, pode resultar em produto alazão ou castanho, indiferentemente. E esta o computador aceitou. Jarbas Leonel Bertolli, superintendente do Stud Book da raça Quarto-de-Milha, desconfiou, a princípio, de uma eventual troca de garanhões. Para apurar a história toda, inclusive a pedido de Francisco Ramos, também ele interessado em saber o que ocorrera em seu centro criatório, foi solicitado exame de DNA ao laboratório LinkGen. O resultado surpreendeu a todos: o teste capacitou o pai e não capacitou a mãe. Ou seja, o garanhão era o referido, mas a égua não podia ser aquela de maneira nenhuma. Tal resultado criou grande celeuma porque colocava em dúvida a eficácia de um exame, até então considerado infalível.
Caso as duas matrizes tivessem a mesma pelagem, a troca jamais seria descoberta, porque o teste de DNA é acionado apenas em caso de dúvida
Assentada a poeira, Jarbas Bertolli começou a investigação, o fato de duas éguas terem dado cria na mesma noite lançou luz sobre a questão. Foi pedido novo exame de DNA e o material dos cinco animais foi enviado ao laboratório sem nenhuma identificação ou vínculo. O resultado, além de comprovar a validade do teste, confirmou a troca de potros, como já suspeitava o superintendente do Stud Book. Faltava esclarecer como e por que havia acontecido.
Neste ano, em outubro, com as duas éguas novamente prenhes de Rambo Boy, tudo se esclareceu. Janas Lady ainda com seu potro no ventre, tentou seqüestrar o novo produto de Little Flyer. Só que, dessa vez, os funcionários da fazenda estavam atentos e não permitiram.
Em outras ocasiões, em situações parecidas, ficava no ar a suspeita da troca dos produtos, mas não havia como comprovar. Pela primeira vez foi detectada cientificamente pelo teste de DNA.
Exame comprova parentesco
O teste de DNA em eqüinos para comprovação de parentesco, realizado pelo laboratório LinkGen, não deixa margem a nenhuma dúvida. Ao contrário dos testes anteriores, não se limita a indicar a exclusão ou não de parentesco, como também aponta quem é o pai e a mãe. O exame é feito a partir do bulbo capilar (raíz) dos pêlos da crina ou da cauda do cavalo e, segundo informa Jaime Francisco Leyton, diretor da LinkGen, trabalha com regiões hipervariáveis do ácido desoxirribonucléico, herdadas 50% do pai e 50% da mãe, segundo as leis Mendelianas (Gregório Mendel).

© Editora Segmento. Revista Saúde Eqüina


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Atualizadas em: 10/02/2001
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